Poema - 11/02/1963

Poema - 11/02/1963

Canções negras

transformam almas vazias

em deuses ou suicidas!

Quando encontrarem o meu corpo

atendam o meu último pedido

Não enxuguem as lágrimas em meus olhos

pois nelas estão todos os meus sonhos;

Quem sou eu?

senão o pior de todos os homens

As feridas nas mãos de Cristo

e o sorriso de Judas ao vê-lo morrer

Abdiquei-me de todas as coisas

os meus martírios

reduziram-me a nada

Deitado nesta cama

adoeço todas as noites

Reviro-me de um lado

para o outro

com a escuridão

me engolindo a cada segundo

Grito por ajuda

mas aqueles que podem me ouvir

tampouco podem compreender

as minhas dores

Tento me levantar

com as minhas próprias pernas

mas as minhas asas quebradas

prendem-me em meu próprio abismo

Recolho-me como uma

criança solitária

Abraço as minhas próprias pernas aos prantos

e chorando pergunto a mim mesmo

- Por que nasceste?

oh criatura infernal

Vejo em mim todas as pragas

e todas as dores

Como uma doença

que se espalha pelo mundo

eu mato todas as flores

para sangrar em seus espinhos;

Como eu posso me olhar no espelho?

se nem mesmo sei quem eu sou

Como eu posso me levantar?

se o meu espirito se enforcou

em meio aos lençóis

As minhas dores se espalham

por todos os cantos da casa

Escrevo uma carta

para todos aqueles que

acredito que sentiriam a minha falta

Com os pés sujos de sangue

nem mesmo a solidão

caminha ao meu lado

Enforco-me aonde ninguém

pode me ouvir gritar

Sinto as cordas quebrando

o meu pescoço

levando as minhas ultimas dores

para o vale dos suicidas;

Uma voz doce clama pelo meu nome

um anjo tão belo

quanto as estrelas que brilham na escuridão

me acolhe em seus braços

Deito-me em suas pernas

e suas mãos doces

enxugam as lágrimas em meus olhos

Eu me enforquei naquele quarto

para renascer na sua vida...

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 23/05/2019
Código do texto: T6654905
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