Moribundo
E naquele quarto do hospital
Sentado na fria cadeira
Olhando o pingar interminável das gotas,
De um soro que pouco acalenta.
Seus medos e suas angustias borbulham
O moribundo vê a vida se esvaindo
Perdendo aos poucos a vontade de lutar
Cada dia desiste uma pitada a mais.
Cada hora um novo pensar, talvez um pesar.
Quisera o moribundo outrora recomeçar
Escolher novos caminhos
Que talvez aqui não o levasse a chegar
E o moribundo, sentado na fria cadeira
Naquele quarto de hospital,
Vendo sua hora se aproximar
Uma partida certeira, silenciosa, rastejante
A poucos instantes de lhe abraçar.
O moribundo levanta-se, tenta caminhar,
Sem forças, desiste, senta novamente,
E num suspiro profundo, num olhar sereno
Debruça seu rosto em seu ombro,
Já não sendo mais um moribundo.