Agonia

Em horas que se atrevem,

é revelada a partida de alguém.

Um sapo coaxou,

o seu vizinho imitou,

outro também.

Balan soul, Balan soul...

Blim-blém! Blim-blém!...

Perto tinha uma igreja;

do padre, do bispo, do homem...

Na mata, o cardeal,

o corvo crocita...

o Papa não vem.

Quem rezou?

Quem cantou?

Quem a todos vai avisar,

hem?

Balan soul, Balan soul...

Blim-blém! Blim-blém!...

No bico aberto do corvo

(Vaivém! Vaivém!...)

e na orgia sonora dos saltantes,

(Vaivém! Vaivém!...)

se junta ao campanário das almas

a imutável notícia:

ruiu o templo,

a alma está além.

Balan soul, Balan soul...

Blim-blém! blim-blém!...

Agora tudo se acerta,

pois nessa orquestra

o sino faz bem,

tanto barulho ele tem,

quanto martírio carrega também.

Estridente dente ente...

Balan soul, Balan soul...

Blim-blém! Blim-blém!...

Oh! Agonia fina,

arrepia a alma da gente.

Como é doloroso o anúncio

da morte de alguém.

Balan soul, Balan soul...

Blim-blém! blim-blém!...

Borboletas azuis
Enviado por Borboletas azuis em 13/11/2020
Reeditado em 19/02/2021
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