Agonia
Em horas que se atrevem,
é revelada a partida de alguém.
Um sapo coaxou,
o seu vizinho imitou,
outro também.
Balan soul, Balan soul...
Blim-blém! Blim-blém!...
Perto tinha uma igreja;
do padre, do bispo, do homem...
Na mata, o cardeal,
o corvo crocita...
o Papa não vem.
Quem rezou?
Quem cantou?
Quem a todos vai avisar,
hem?
Balan soul, Balan soul...
Blim-blém! Blim-blém!...
No bico aberto do corvo
(Vaivém! Vaivém!...)
e na orgia sonora dos saltantes,
(Vaivém! Vaivém!...)
se junta ao campanário das almas
a imutável notícia:
ruiu o templo,
a alma está além.
Balan soul, Balan soul...
Blim-blém! blim-blém!...
Agora tudo se acerta,
pois nessa orquestra
o sino faz bem,
tanto barulho ele tem,
quanto martírio carrega também.
Estridente dente ente...
Balan soul, Balan soul...
Blim-blém! Blim-blém!...
Oh! Agonia fina,
arrepia a alma da gente.
Como é doloroso o anúncio
da morte de alguém.
Balan soul, Balan soul...
Blim-blém! blim-blém!...