Que seja na morte

Hoje eu vejo, e com uma clareza que me surpreende,

O que levei mais de uma vida para entender;

Agora eu sei, e até que meu coração fica contente

Pois carrega um conforto que ninguém poderá tirar

Vislumbro o céu na esperança de que um dia ali estarei a te velar

Serei a estrela que te fará sorrir, àquela que sempre te amou

E saberá que assim como aquela luz, um dia já tive uma vida,

Mas foi minha partida que tua noite iluminou!

E todas as noites se lembrará que não há despedida

Para quem nunca de fato disse adeus

Então você vai sorrir, no peito uma dor exprimida

Que te fará lembrar dos versos seus e dos versos meus

E quando o tempo branquear teus cabelos

Amarelando o papel dos nossos poemas

Poderá ler nossos momentos e revivê-los

E ao lê-los com saudade sussurrará meu nome

E lá de cima, após longa espera, escutarei teu chamado

E no sopro de vida que somos, rápido e forte

Irei, sedenta, te buscar, meu eterno amado

E o que em vida não aconteceu, que aconteça por fim, na morte.