TEMPOS MEDONHOS

A vida, de repente, se transforma,

Em algo fino e frágil, como um copo de cristal

Carregada por mãos trêmulas,

Por quem caminha numa estrada escorregadia, com os pés,

vacilantes sobre pedras pontiagudas

Estamos, todos, enclausurados num mundo feroz

Desejando estar em céu aberto,

Mas não temos proteções, nem apoio, nem rumo.

Cada notícia que chega, uma bordoada!

Fustiga-nos ainda, o vento assoprado pelo pânico,

Assustando nossas almas atarantadas,

no vazio deixado pelos que partem.

O eco das suas vozes caladas,

Que não mais ouviremos, mas ainda tão próximas,

Estão a nos construir o medo e a desconfiança no futuro.

Vozes que não ouviremos nunca mais!

Resta-nos procurar consolo e enterrar suas mortalhas

Que vestem nossa alma de saudade e dor

Esperando que o pranto as levem

Para algum mar fora deste nosso tempo

E que lá possam gerar em algum lugar,

dentro de nós,

O crescimento e a volta dos sonhos.

Poema aos amigos que foram desta vida: Paulo Del Nero, Wanderley Fernandes, Silvério Serra, Dr. Danilo Maciel etc..

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 29/04/2021
Reeditado em 02/09/2022
Código do texto: T7244171
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