Sonhei que me via esvaziado de sangue

A infância hebefrênica

Caminhando pelo asfalto espelhado.

Cigarros colados em bocas secas pueris,

Coturnos salpicados de sangue.

(Eles vêm com o fim da tarde,

na hora azul.)

Sequestram, desvirtuam, corrompem.

De mãos dadas, nos arrastamos sob as árvores (ainda altas e contemplativas) e nosso Norte não deixa de ser uma floresta

(de pedras e crucifixos). A figura de jesus cristo ainda me fita pregada na cruz. Os olhos de pedra sabem que os cortes se aprofundam e, à imagem, eu oro em febre,

como um crente fiel,

para que transpassem minhas artérias.

Sonhei que me via esvaziado de sangue, escurecendo num barranco e me desfazendo com a chuva ácida de outubro.

José Pinotti
Enviado por José Pinotti em 17/12/2021
Código do texto: T7409257
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