Overdose

Já nem perturba a implicância,

Não consola a complacência,

Vai viajando em sua ausência,

Em coma, dentro da ambulância.

Não há na atual instância

Traço qualquer de coerência,

Teria sido sua vivência

um exercício de inconstância?

Agonia em vida, em morte a ânsia,

Paradoxal a flagrante ausência

De um pedido de clemência,

Fulgurante a jactância.

Eis então uma mente em consonância,

Com a visão total da experiência,

Da podridão sem reticência,

Elegia à própria petulância,

Sem recear a repugnância,

de sua putrefação e virulência,

Desgraçada a carne, já sem consistência,

invólucro tosco da invigilância.

Débil ser a perecer sem consciência,

Aprende: Morre-se tanto, com frequência,

Ou ainda mais, na indecência,

De uma vida sem importância!

Weber Palmieri
Enviado por Weber Palmieri em 19/01/2022
Reeditado em 19/01/2022
Código do texto: T7432844
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