Desejo da morte

O desejo de morte

vem lamber as ligações entre meus neurônios joviais

cedo

de manhã cedo

Cedo a essa dor tresloucada

que grita em idiomas não inventados

aos meus tornozelos surdos

joelhos gordos e macios

rebeldes

Seguimos vergastas de luz exóticas

por preguiça de pegar no sono

Engatamos a quinta no sentido errôneo

por descuido

Não deveria ser assim,

não precisava ser assim

Eu não fumo baseado

nem me apoio em nada construído para nos fazer ruir

Temos vergonha do futuro calçado por nossas vontades e desgostos

Viveremos, até que digam que não

Dançaremos,

ainda que

nos falte coordenação motora

e os calcanhares sangrem

e ouçamos tiros

gritos

suspiros

e mentiras

Cantaremos

ainda que

nos falte gargantas absolutas

e as cordas vocais arranhem

e sejamos surdos

burros

famintos

e descolados

O desejo da morte

visita nossas almas cansadas

e nos lembra do quanto ela é inútil.

Sútil e fútil

N.V - 03/22

LizaBennet
Enviado por LizaBennet em 03/03/2022
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