Dentro da caixa
Quando eu estiver na caixa
Naquela de madeira e sem vida
Não chores aí de cabeça baixa
Não valho essa nobre despedida
Só me deixe ali quietinho
Não finja um amor que não existe
Os vermes já vem de mansinho
Pra me corroer o que inda existe
É assim mesmo que funciona
Sou corpo agora, frio e tão morto
Nenhuma dor me acompanha
A minh'alma se foi inda à pouco
O que ficou de tudo isso
Foram apenas as minhas memórias
Já não corro nenhum risco
Já foi escrita toda minha história
Agora é descanso eterno
E essa caixa se tornou minha casa
Junto só tem um caderno
De toda poesia que declamava.