Data de validade

Nasceste dotada de uma maldição

Que colocou um ponto final nos seus dias

Diferente de nós, os outros, você não teve a oportunidade

De saborear a doce incerteza e aleatoriedade

Nos dá cicatrizes e dores crônicas, mas também

Nos dá sorrisos e registros

Teu caminho é a incerteza

Nenhum desvio, nenhum caminho alternativo

Nenhuma possibilidade de troca

Apenas uma clara estrada até o fim

Da sua limitada existência.

Todos nós olhamos

Com otimismo para a densa luz brilhante

Na frente de cada um de nossos caminhos

Enquanto isso, você teve que se contentar

Com a ausência dela

No final do seu caminho

Cada pegada, previamente deixada

Para você pisar nos devidos lugares

Nos contentamos com os alegres sons

Das nossas longevas vidas

Porém paramos e percebemos

Os sons do final da sua

Sons de agonia, lamento e tristeza

Não pudemos fazer nada

Além de ignorar nossos sons

E dar atenção aos seus

Toda a nossa juventude

Os sonhos manufaturados por ela

O otimismo que os abastece

Foram rasgados, cortados

E despedaçados

Pelas facadas

Que foram seus dizeres choros

Relatando seus próprios sonhos

Interrompidos pela sua data de validade

Após a chegada desta

Conseguimos carregar somente

Memórias de sua pessoa

A pessoa que você foi

Seus planos para o futuro

Vestígios de seu carinho

Mas não conseguimos carregar

Você mesma conosco

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 20/12/2023
Código do texto: T7958222
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