Ignorado

Meus olhos ergo a Ti

e procuro uma chave,

algo para abrir cadeados...

Não acho.

Ergo minhas mãos,

alcanço as Tuas!

Estou só,

perdido, vazio...

Estou só,

estou triste,

estou morto.

É tarde demais para Te falar.

Talvez tarde demais para Te amar.

Eu quero o descanso,

uma luz que ilumine o sepulcro,

uma flor pra enfeitar minha lápide!

Eu morri sem enterro,

sem saudades.

Ninguém sabe sequer

onde fui enterrado.

Talvez só Tu, Senhor!

Mas Tu existes?

Por que ninguém chama meu nome?

Por que a terra me consome?

Quem sou eu?

Um herege pretensioso demais?

É, talvez eu seja.

Te imploro: dai-me, Senhor,

a luz da vida

para que eu a brinde e,

agradeça o ar que respiro.

Minha alma alaga o Oceano...

Sou mortal,

humano,

imperfeito,

esquecido,

pó!