Meu bom velhinho
lembro do seu rosto moreno
calculando impossibilidades
quando lhe pedi uma bicicleta,no Natal
Justificou alguma coisa sobre os Noeis do mundo,
já tão comprometidos com tantos pedidos.
Mas eu não sabia estar pedindo a ele,
acreditava no doce sonho do natal.
à noite,fingindo dormir,vi seu vulto esguio
pulando minha janela.
Não sei como se organizou,
com o pedido emprevisto.
Mas,pela manhã,escorada graciosamente à minha porta,
estava uma bicicleta vermelha.
O segrêdo foi mantido,
e a verdade também:
nunca existiu um Homem tão generoso na minha vida,
talvez a mais encantada das minhas ficções.