O outro lado do Natal

O outro lado do Natal

Venha até aqui, dê-me sua mão

Que eu direi o seu amanhã.

Venha até a mim sem medo

Coloque no meu chapéu o seu vintém

Que o abençoarei com o meu credo.

Ajude um pobre coitado

Comprar alimento e remédio

Ajude a voltar pra Minas, pro Norte

Ou pra Conchichina.

E esta chuva que não para!

È o céu que chora por mim

Chora ao ver tanta carência

Tanta falta de opção

Pai, que se tornou pedinte

A mãe profeta, adivinha.

E o filho, que a fome aperta,

Rouba doces da vizinha.

Cadê o Papai Noel?

Que não anda na periferia

Talvez pra não sujar a roupa

Feita do mesmo vermelho que denuncia

Que denuncia injustiça e prega a vida.

Só que a vida está no asfalto

Nas lojas caras, nos hiper mercados

São poucos, pouquíssimos

Os que aderem a fantasia.

Mesmo na poeira escura

No barraco de lata velha

O natal trás esperança!

Basta ver nos olhos de um menino

Ou de uma menina qualquer

Onde brota uma luz intensa

Tão forte que arrepia.

É ali a manjedoura!!!

Perpétua Amorim
Enviado por Perpétua Amorim em 06/12/2006
Reeditado em 14/02/2007
Código do texto: T310858