NATAL

Havia desalento naquele olhar.

Tinha olhos de bicho errante

E era triste vê-lo se desenhando

Sobre os alheios da avenida,

Enquanto lhe sofriam nas retinas

Os pingentes das lojas coloridas.

Trazia em si as multidões do mundo

Vivendo suas vertigens intraduzíveis.

Há um sem fim de asas farfalhando

No infinito aberto de seus silêncios,

Enquanto um burburinho esmiúça

A fragilidade da vida das gentes.

E eis que seu pensamento,

Asa partida, desfaz nas calçadas

Os conflitos debuxados na alma.

Sofrera, um dia. Não mais! Não, mas...

Paulo Pazz

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 12/12/2021
Código do texto: T7405698
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