ERA NATAL

Com o rosto colado à janela

Observava a algazarra da família

E ele ali parado como uma sentinela

Queria fazer parte daquela alegria.

Na mesa muita fartura

Na árvore inúmeros presentes

E ele imaginava que naquela altura

Todos riam, pois estavam contentes.

Sentiu uma tristeza infinita

E o coração transbordando de dor

Ao ver que naquela casa tão bonita

Apesar da alegria não existia amor.

Porque, lá fora, não reparavam

Que ele estava só e chorava

A presença dele não aceitavam

Era um mendigo que para eles olhava.

Em suas mãos não havia presente

Em sua vida faltava amor

A dor em seu peito era crescente

Tremia por falta de calor.

Alguém ao seu lado encostou

E olhando firmemente perguntou

O que parado ali ele fazia

Desejando o que não lhe pertencia

Abraçando o menino ele falou

Que o melhor presente era a certeza

Que aquele que naquele dia nasceu

Muito o amava apesar de toda a pobreza.

Os olhos do menino brilharam

E o pequeno coração disparou

Os anjos no céu cantaram

Aquele que lhe falava era Nosso Senhor.

Rosita Barroso

30/11/2007