AS ONDAS, UMA A UMA

As ondas, uma a uma

Como novelos de espuma

Desfazem-se como algodão

Na minha mão.

Um canto molhado e doce

Quem as criou?

Quem as trouxe?

Quem lhes incutiu aquele arrastar lamentoso

Numa dança de agonia enrouquecida

Como poetas famintos

Surfando labirintos de inconfidências

Em versículos descoloridos.

Lentamente, uma a Uma

Com a paciência de quem é dono da eternidade

Com a maciez da sumaúma

Num gesto de poder e de vaidade

Vestem as rochas de espuma

E afogam-nas sem piedade

Ah! Este mar! Este deserto

Entre cânticos de sereias a rezar

Este feitiço de o olhar de longe ou perto

Augúrios de pescadores a estrebuchar

Perdidos na imensidão sem rumo certo

Mãos erguidas, vidas a definhar.

São assim as ondas

Uma a uma

Vestidas de rendas e de espuma

Que se desfaz como o doce algodão

Entre os dedos da minha mão.

Quem as criou?

Quem as trouxe?

autor foto/poesia: Josalvespt

http://olhares.aeiou.pt/as_ondas_uma_a_uma_foto4764321.html

Josalvespt
Enviado por Josalvespt em 02/08/2011
Reeditado em 11/08/2011
Código do texto: T3134609
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