O mar inteiro
Ei-lo em seu balanço obstinado,
Que abraça a noite, torvo, sibilino,
Entregue à solidão do seu reinado
E do silencio da presença do divino.
Por liberdade tem o brilho matutino
E a fortuna de banhar a terra inteira
Acolhe aos rios, na foz, que por destino,
Dão-lhe o frescor dos véus das cachoeiras
Do porto à pedra, da pedra à areia da areia ao porto,
Ele se perde, se encontra e se despede
E na distancia fluir se deixa, absorto,
Nutrindo algas e corais, e a cor lhes cede
Abandonando seu status de mar morto,
De mar aberto, mar revolto ou mar profundo,
Se apequena e se desmancha a meu conforto
E em alvas rendas se derrama pelo mundo.
Extasiado ao som de seu pulsar fecundo
Temperando corpo e alma com seu cheiro,
O coração não quer perder nenhum segundo
Para pulsar na dimensão do mar inteiro.