A CLARISSA PAINEIRA

AUTOR: MANSUETO BERNARDI

A paineira é uma planta franciscana,

Uma filha menor de Santa Clara.

Uma serva descalça do senhor.

Seus espinhos não são espinhos,mas cicílios

Com que ela noite e dia mortifica

A própria carne,sob a veste monacal,

São seu escudo contra as más tentações.

Quanto,ao brilho do sol da primavera,

Mais de todas as outras árvores em torno,

Se adornam para o efêmero mundano,

Em sua vida de oração e penitência,

A Clarissa Paineira não se enfeita nem descansa:

Tece que tece flocos de algodão

-De algodão muito branco e muito suave-

Que os pássaros e os homens aproveitam

No aconchego dos ninhos e dos leitos.

Meses e meses fica assim exposta

A canícula,as chuvas torrenciais,

Ao frio,ao vento ríspido e cortante,

Sem um único abrigo,toda recolhida

Num sonho de noivado celestial.

Contemplativamente,religiosamente

A criatura louva o criador.

Ao cabo de uma dessa rudes provas,

Desses longos retiros em si mesma,

A Paineira nem mais parece uma árvore,

Mas uma vida chama cor de rosa,

Um grito de alegria sobre humana,

Uma explosão de méstico fervor.

São as flores que a humilde atira para o alto,

Que as mancheias atira para o alto,

Que num arroubo atira para o alto,

Aos pés da altura de Deus Nosso Senhor.

Mansueto Bernardi
Enviado por NACHTIGALL em 21/09/2011
Reeditado em 23/10/2011
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