Infância Machucada.

Mataram uma árvore da minha infância. Meu tronco inteiro chora a ausência do seu verde.

Mataram uma árvore da minha infância. Serraram meus sorrisos de menina, derrubaram a minha voz antiga.

Mataram uma árvore da minha infância e com ela morreu a alegria daquelas tardes entre os balanços.

Mataram uma árvore da minha infância e o meu pai morreu de novo...

Era ele quem nos levava à praça nas tardes de Domingo e brincava, e sorria, e cantava aquelas canções da sua terra, enquanto a gente comia pipocas à sombra dela.

Mataram uma árvore.

Pobre praça, pobre cidade, pobre infância.

(Contra a derrubada da árvore centenária da Praça Otávio Rocha em Porto Alegre.)

Zully Oney Teijeiro Pontet
Enviado por Zully Oney Teijeiro Pontet em 18/01/2012
Reeditado em 18/01/2012
Código do texto: T3447849