A poeira

Quieta, calma, mansa,

somente ao vento obedece,

livre, solta, canta,

enquanto o mundo padece.

Grão de pó, tudo observa, silente,

ao ver passar os longínquos anos,

se vê, se ouve, se sente, ninguém sabe,

seus gritos, suspiros e prantos.

Os séculos são por ela anotados,

cada ventania, cada noite, cada canto,

serve pra terra de manto,

a protegê-la do frio da noite,

de invasão, de um açoite,

do caminhar dos viajantes cansados.

Testemunha da vida e da morte,

desde o amanhecer até o anoitecer,

conhece o destino e a sorte,

daqueles que ousam viver.

Serena, vaga errante,

Por vales, montanhas e rios,

Percorre o caminho sombrio,

Sob à luz que a lua irradia,

Descansa mesmo sadia,

Ao som do vento uivante.

Edivanio Leite
Enviado por Edivanio Leite em 28/01/2012
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