QUEM VIVEU SABE
nos campos ao longe os bois pastam
as vacas andam pejadas
da casa do sítio dá pra ver
pegue e deite na rede
a nuvem adivinha e avisa a chuva vem
os passaros pousam pois preconizam
que água muita vai cair
cheiro de mato e terra molhada
os passaros pressentem o tempo
e pousam
nas ávores e se aninham nas copas
dia de paz
pássaros e pássaros pardais
o doce de vó é bom
delícia delírio deleite
doce de leite
deitado na rede meu avô me conta estória
sentado se balançando na cadeira de balanço
do outro lado da varanda
caipora e a mula sem cabeça povoaram meus sonhos
antes de eu ouvir que tinha o pé de cunca
tranca rua coisa ruim
bom é ver os homens trabalhando
chuva fresca
ajeitando a cerca
com arame farpado e cuidado
quem foi que deixou a porteira
escancarada aberta?
quando fui fechar
entrou uma frepa
na mão no dedo
um canto de aloa
adoçando a boca
a vida é boa
lavra e louva
tua terra bendita
da onde tu tiras
frutos doces e para quem dás tuas forças
guarda tua fé para esperar chuva
toda vez que plantar