QUEM VIVEU SABE

nos campos ao longe os bois pastam

as vacas andam pejadas

da casa do sítio dá pra ver

pegue e deite na rede

a nuvem adivinha e avisa a chuva vem

os passaros pousam pois preconizam

que água muita vai cair

cheiro de mato e terra molhada

os passaros pressentem o tempo

e pousam

nas ávores e se aninham nas copas

dia de paz

pássaros e pássaros pardais

o doce de vó é bom

delícia delírio deleite

doce de leite

deitado na rede meu avô me conta estória

sentado se balançando na cadeira de balanço

do outro lado da varanda

caipora e a mula sem cabeça povoaram meus sonhos

antes de eu ouvir que tinha o pé de cunca

tranca rua coisa ruim

bom é ver os homens trabalhando

chuva fresca

ajeitando a cerca

com arame farpado e cuidado

quem foi que deixou a porteira

escancarada aberta?

quando fui fechar

entrou uma frepa

na mão no dedo

um canto de aloa

adoçando a boca

a vida é boa

lavra e louva

tua terra bendita

da onde tu tiras

frutos doces e para quem dás tuas forças

guarda tua fé para esperar chuva

toda vez que plantar

Julio Dias
Enviado por Julio Dias em 18/03/2012
Código do texto: T3561442
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