AS CINZAS DA PEDRA BRANCA

Uma silhueta a minha frente, ilumina-se no alto imponente

Na silenciosa e escura noite... Grande maciço em chamas ardentes Tremulava em movimentos com labaredas em açoites.

Diante de ruidosa sinfonia, desfilando sinistra melodia

As chamas tudo consumiam sobre plateia fria; ao olhar não via

As cinzas em que repousava aquela agonizante noite.

Triste indiferença... Diante daquele quadro sofrido...

Na dor silenciosa de um instante, remoto passado esquecido

Eu via, através da cortina de fumaça sufocante

Beleza num tapete verde ao céu estendido.

Naquela imagem detive-me. No verde e nas vidas ali pulsando

Da larva que o solo revolvia, surgia o alimento

À frondosa árvore a estender raízes sustentando...

Galhos robustos de frutos, um abrigo no tormento.

Flora e fauna em apogeu de harmonia, sob as forças da natureza

O equilíbrio... Na tempestade o solo a recebia com alegria

Sob o sol o verde projetava sombra da certeza

De raízes, como braços fortes, àquelas vidas protegiam.

Guardando imprevistas imagens na retina

Via-me no sinistro presente e, furtiva lágrima surge repentina

Tentando apagar as chamas inclementes...

E sutil oração percebia junto a fumaça fugente...

“Senhor perdoe o ato impensado de tristes sentimentos”

“Pensando saber mais do que nós: a sábia natureza”

“Que surjam das cinzas da pedra branca os novos rebentos”

“De verde esperança cobrindo o maciço em renovada beleza”...

“O tempo, cinzel humilde no homem, remova seus maus sentimentos”.