No meu sonhar
Lá vai o carreiro, vai
ei boi, ei boi, vai tocando o carretão,
mas isto é no meu sonhar,
ei boi, ei boi, pois deixei o meu sertão.
Sei, das cascatas das campinas,
das águas tão cristalinas,
mas aqui fico a pensar.
Pois os rios daqui não tem vida,
cachoiras poluidas,
sem peixes a saltitar.
Lá vai o carreiro, vai
ei boi, ei boi, vai tocando o carretão
mas isto é no meu sonhar,
ei boi, ei boi, pois deixei o meu sertão.
Sei, do canto do sabiá
mas como posso lembrar
da cor dos olhos de alguém.
Se não há mato, é só fumaça.
O céu daqui não tem graça,
e luar aqui não tem.