ALMA DE UM PERIQUITO

Homenagem aos Periquitos assassinados por envenenamento em Manaus - AM

Ser bicho tá fácil não.

Na floresta é só devastação,

Na cidade me colocaram na prisão,

Fico lá sendo a alegria da população.

Ah! Gosto disso não.

Quero ser livre e na mata morar,

Quero bater as asas e da árvore o fruto colher,

E quando sento em um açaizeiro pra comer,

Sinto uma dor tão forte,

Meu coraçãozinho começa arder,

Me diz o doutor urubu:

Já era perequitinho, meu almoço você vai ser.

Foram dezenas de irmãos,

Periquitos cidadãos,

Moravam perto dali,

Efigênio Salles condomínio de barão.

Mas na hora de almoçar,

Era uma cantarolada sem parar,

Sempre querendo o melhor açaí.

E daí? Atrapalhamos o sono do meu patrão.

E veneno em nossa comida veio borrifar,

Intoxicação, dessa não deu pra escapar,

Calaram o canto e de mais quantos vão calar?

O doutor urubu chamou sua tropa pra ajudar,

Tomate! São muitos dá pra almoçar e jantar,

Mas, porque foram matar?

São parentes e camaradas,

Só queriam se alimentar,

Quem vai esse prejuízo pagar?

Assassinaram a natureza, covardia desvairada!

Sou um filho do “verde” mesmo,

Ou será que sou abestado?

Em acreditar que os ricos dali eram do bem?

Sou filho do verde e sempre serei,

Mas por confiar na inteligência humana me ferrei.

Hoje alma de periquito me tornei!

Mas o açaizeiro continua lá,

E muitos do meu bando pousarão para cantar.

Eita! Será que a matança vai continuar?

Avisem que eles correm perigo se desse açaí provar.

A malvadeza tá difícil de aguentar!

Márcia Wayna Kambeba
Enviado por Márcia Wayna Kambeba em 20/12/2014
Código do texto: T5075439
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