Saladão - Um poema verdurado

Ou a abóbora ou a alface,

fez fofoca do almeirão,

contornou a dor de cotovelo,

do amigo manjericão.

A batata mais singela,

foi visitar a berinjela.

A cebola ciumenta,

que faz chorar qualquer cristão,

quis saber do pimentão,

o que a cenoura escondia.

Mas antes disso o pepino,

trouxe foi mais confusão.

Deu um trompaço no nabo,

vingando o rabanete,

e a salsa saiu de baixo,

deu no espinafre um cacete.

E a vagem, nunca tristonha,

ficou verde de vergonha.

Se não fosse a beterraba,

que deu razão ao chuchu,

o brócolis e a couve –flor,

ficariam chateadas,

ali na zona do agrião.

A cebolinha teimosa,

deu ao jiló uma lição,

mandou que a mandioca,

beliscasse o maxixe,

e o tomate muito triste,

pois foi parar num sanduíche.

E o inhame, coitadinho,

da chicória fez a separação.

Foi enfiando o repolho,

num lugar que eu não espalho,

mas acho que foi no olho,

daquele dente de alho.

Para acabar essa trova,

de tanta verdura em ação,

digo que toda essa briga,

faz parte da alimentação.

Quem quiser que conte outra,

ou aceite o saladão.