MORRE UM RIO

A quietude da cidade é fúnebre.

Sangra o coração dos munícipes,

Tanto quanto o rio de antigas águas cristalinas

E que agora se transmuta

Em caudal leito de lama!

Os sonhos se desfazem

E um torpor turva a visão dos filhos

Da terra desolada que cega os olhares

Atônitos e desesperançosos

Perdidos em espirais de tristeza.

Adeus, Rio Doce...

Negaram-te a vida que fluía abundante,

Atraída pelo silêncio da natureza

Em relances de sublime encanto.

E hoje, o teu trajeto é ritmado em pranto.

A negligência do homem foi fatal

Para o desmoronamento da barragem

Já tão fatigada pelo tempo.

E agora, tudo se desfaz: construções

Erguidas em suores, plantas e animais.

Fica a sensação estranha

De um céu esgotado por névoas difusas.

Nada mais fascina,

Apenas um silêncio fúnebre

Marca o calendário da natureza finda.

Antenor Rosalino
Enviado por Antenor Rosalino em 09/01/2016
Código do texto: T5505264
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