Estações

A chuva cai, acariciante e preguiçosa...
Penso quantos céus enegrecem entre você e eu.
Mudam as estações, folhas caem no meu solo fértil
de tudo que não sabe, mas gera e alimenta.

Mudam os ventos que sopram você em mim
e agitam as águas rasas e as águas profundas
da condição de ilha que me prende a você
e me desprende de mim definitivamente.

Agora a areia da praia sou eu
passiva, carente do mar que rasga violento e manso
a alegria e a dor de ser areia somente
jamais gaivota que conhece o mar de todos os portos.

Vem a seca, fome, sede e tudo de você em mim
é o cacto que machuca e vaza água pelos espinhos
- que não posso beber -
tamanha a sequidão do deserto em mim.

Sua imagem ondeia em oásis e horizontes perdidos de nada
o sol castiga, o calor que vem de dentro
e é só você agora,
meu dentro que vem de fora.

E novamente vem a chuva,
agora tempestade violenta
fertiliza do que não era de você em mim
muito mais do que um dia sonhei plantar.

Que a primavera é a estação dos amantes
mas é a morte do outono
que ensina os segredos do jardim
para o beija-flor.
Fátima Castanheira
Enviado por Fátima Castanheira em 28/05/2016
Código do texto: T5650006
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.