NÃO QUERO ACREDITAR...

Não quero acreditar naquilo que vejo,

Gente a fugir em debandada das suas terras,

Arriscando atravessar águas revoltas,

Perseguidos por homens, autênticas feras.

Não quero acreditar na tua recusa,

Do amor que te ofereci por gostar tanto de ti,

Fizeste de mim uma pessoa difusa,

Por achar que tu me tratas tão mal, assim.

Não quero acreditar neste espectáculo,

Que o Mundo apresenta, de tanta violência,

Em que os mais fracos sem sustentáculo,

Acabam por fim a sucumbir sem resistência.

Não quero acreditar, ter sido espoliado,

Dos meus bens com sacrifício construídos,

Deixando-me sem recursos e desprezado,

Sem ninguém que valesse aos meus gritos.

Não quero creditar nos políticos,

Que tudo prometem, acabando por mentir,

Ignorando os pobres aflitos,

Por dificuldades não chegarem a sentir.

Não quero acreditar que este Mundo,

Se irá afundar numa cratera de quentes lavas,

Arrastando para um buraco bem fundo,

Corpos defuntos marcados por acesas chagas.

NÃO QUERO ACREDITAR,

ESTÁ TUDO A SOÇOBRAR.