A natureza do campo
Nas frestas do telhado o brilho do sol se anuncia:
O dia amanheceu.
Acordam-se os pássaros e naturalmente cantam na mais pura harmonia
A cauã, que se destaca no seu canto melancólico
impondo-nos respeito, convida, para um breve refletir
E na profundidade daquele canto se revela a natureza grande e bela
nos fazendo ver a grandeza desse nosso existir
A seriema esperta
sem demora e sem muito espreguiçar
do alto da baraúna seca, logo pula
e no chão, em cima de uma pedra
entortando o pescoço começa a cantarolar
rodopiando animada, aos gritos
fazendo graças
Para sua companheira agradar
O jumento zurra
a cobra aparece na beirada do terreiro, e mesmo com seu jeito simples, deixa todo mundo com medo
O novilho esturra e mugi se anunciando, dizendo eu também acordo sedo
As poucas onças que ainda têm, mesmo inofensivas, com seus mitos e verdades, respeita-lhes convém, porque no caminho da roça, logo de manhãzinha, pegadas da gatona, sempre têm
A abelha pequenina é muito esperta, se dorme é a primeira a acordar
e sem perder muito tempo, para o campo sai, e com as flores começa a trabalhar
É na visita, de flor em flor, que logo conseguem o alimento.
para a família sustentar
E naquele vai e vêm, ao fim do dia, muitas flores são visitadas
ficando a garantia do seu serviço prestado
no cruzamento do pólen uma semente plantada.
Pois é seu moço, entre tatos, são daquelas pequeninas, que dependem e muito, o nosso existir
O seu boi, o meu feijão, o leite do teu neto... ate a cama, que eu sei, tu não dormes no chão... E não para por aqui...
Sem abelhas não tem frutos, sem frutos não há semente sem sementes
só a morte.