Ferrões

Na tela selva, está presa uma borboleta com um azul jamais visto

No sucumbir do caminho, o quadro caiu e das árvores pinceladas tornou-se uma abelha

Dois passageiros insistiram em salvar-me carregando a tela e espantando-a

Sentindo-se injustiçada, voltou para o meu conhecido ombro

Tive que espantá-la para protege-la

Vi sua segunda queda, seu revirar, suas asas baterem lentamente

Fui obrigada a rir, afinal estava no mundo concreto

Virei a tela por um ângulo que pudesses se esconder na poça d´agua ou entre as sombras

Sua decolagem foi arisca, com ferrões para cima

Te dei novamente meus ombros

caminhamos ouvindo seu zumbido

Eu, você e a natureza moldurada

No lado esquerdo do meu pescoço tem as marcas sutis

de um ferrão que estavas prestes a entrar sem dor

Querendo enfiar-me a rejeição

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 10/04/2018
Reeditado em 10/04/2018
Código do texto: T6304292
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