A lua me aguardava em casa

Parei na mais alta pedra que encontrei

para apreciar os homens

Para apreciar o reino

E dei de cara com o rei

Meus olhos baixaram pro chão

Nossos corações e dos cachorros pararam e voltaram a um milhão

Foi um dia incomum

Existia um trator abrindo caminho para o rio virar o mar

E não destruir as casas que os humanos decidiram levantar

Ter casa no cais

Ter um caso com o caos

Bater de frente com o reino animal

Agora onde a água salgada se lapidará?

Até adocicar

Até amenizar

Onde agora se acalmará?

Os homens nas pranchas esperavam ondas

Mas só vinham golfinhos

Quem falou demais foram os estranhos

Do caminho

O amor que sinto estavas ventando e bagunçando

Tudo que há

As gaivotas queriam comer apenas peixes grandes

Talvez confunda os homens

Eram 500 voos para lá e para cá

Diziam que era inverno

Mas o sol estava a esquentar

A cabeça dos que morrem de fome

De tédio

De alguma outra coisa qualquer

A água que chegava e partia era tão gelada que partia meu coração

Mas meus pés desejam ali se banhar

E lá de cima da colina

Sentei na poltrona do rei

Me curvei e mostrei que queria apenas

com os olhos da águia enxergar

Até o inverno passar

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 15/07/2018
Reeditado em 15/07/2018
Código do texto: T6390358
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