TEMPO DE OUTONO

Sento-me naquele banco e sinto a ausência

Da minha cadelinha, a minha maior amiga,

Agora, restam-me as folhas amarelas caídas,

Dum tempo que se esgota nas lembranças

Que não consigo guardar, de mim fugidias.

Fugidios são também os meus belos sonhos,

Que alimentei toda a minha prolongada vida,

E se perderam em momentos tão medonhos,

Por serem realidade, longe de pura fantasia.

E que o tempo nebuloso me oculta a beleza.

Tempo de outono, tempo triste e tão amarelo,

Pintura natural da natureza com pinceladas

Do meu viver que é dum passado tão singelo,

De que já não me lembro das minhas amadas,

Por me faltar a memória, mal do meu cérebro.

Tempo de outono em que as alegres andorinhas

Abandonaram os seus ninhos e voaram velozes

Para Sul, em busca de sol e de outras amizades,

Trazendo de volta notícias, as últimas novidades.

De cuja política barata é proclamada por vozes.

Com o outono, dá-se a total e longa hibernação,

Da vida, que desvanece por acção amarelenta

Do tempo, capricho e alternância das estações,

Que Deus criou pra sensibilizar esses corações

Impedernidos por uma filosofia de vida bafienta.

Ruy Serrano - 08.10.2018

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 07/10/2018
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