A DANÇA DO VENTO

DANÇANDO COM OS DEUSES!

Sábado, 7.00 da noite, forças da natureza se movem... bruscamente!

Rajadas de um vento feérico, estabanado chegam! Pingos de chuva como agulhas de aço, dançam no asfalto, sob a luz trêmula da rua, intermitentemente. Nuvens se contorcem, se esgarçam, relâmpagos mostram o ventre escuro do céu!

O vento balança a terra!

Uóóóóóóóóóóóóó....! Parece bambu gemendo! O vento urra, rosna e meu espirito infanto-juvenil, acompanha suas estripulias como uma pipa que ora sobe vertiginosamente para descer em espirais, em seguida. Uma pipa presa por um fio invisível, nas mãos de um Deus alucinado!

Abro a janela para receber suas carícias brutas! Dentro da casa, janelas batem, cortinas enlouquecem!

Ele beija e açula minha pele, despenteia os cabelos, franze minha testa, fecha meus olhos!

As luzes da casa piscam amedrontadas! Abro os braços, pareço voar!

Meu corpo agora é um cata-vento com as pás viradas, girando em todas direções e para todos os lados!

O terraço se enche de folhas verdes arrancadas e também pequenos galhos! Pedaços de um ninho antigo são arrastados sem rumo como um rolinho de cabelo desprendido da cabeça!

Uooommmmmzzzzzzziiiiinnnnn....agora ele zune nas baixadas, chacoalha as copas, arranca as folhas dos coqueiros. Arvores vergam! Ele carrega a chuva submissa e atordoada, que cai um pouco em cada lugar, dando a impressão que a levará embora!

Alguém pode dizer que ele está zangado, mas eu não penso assim. Acho que ele apenas retesa seus músculos e se espreguiça, talvez boceje! Se estivesse mesmo zangado, com suas forças desconhecidas, tocadas pelas mãos do cosmo distante, nos corredores das galáxias invisíveis.....Ah pobres de nós, mortais!

Assim como veio, some! Então a chuva rainha, toma seu lugar. Ela cai em zoada, como se tocasse piano nos telhados, trazendo um cheiro de terra umedecida. Tece um coro de paz em todas as almas! Tudo para! Tudo cessa, para ouvi-la!

Oh Deus que belo e anímico este ato da natureza! Que frescor, que mimo, que sensação de lliberdade e infinitude! Eu me sinto leve, como se o temporal tivesse passado dentro de mim e levado todos os meus pesos.

Não tenho dúvidas. Só de senti-lo, de vê-lo, já vale muito a pena estar neste plano cheio de atribulações e mistérios.!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 03/11/2018
Reeditado em 24/09/2020
Código do texto: T6493830
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