VOZES DO VENTO
Dormir pelas coxilhas quero
onde canta o quero-quero
no violino das cigarras
purificar minha alma
Ouvir as vozes do riacho
o pica-pau pelos galhos
toda treva se desanuviar
na flauta do sabiá
Onde a serpente não alcança
meus sonhos de criança
que o ventou soprou fora
vagam no céu como pandorgas
Adormecido das dores
coberto pelas flores
espiar os pingos da garoa
tamborilar versos nas folhas
Em sonhos de brancas nuvens
meio grilos e vagalumes
deixo a paz me abraçar
como borboleta flutuar
e se a morte me roubar daqui
por mim chora o bem-te-ví