A terra
A terra
Sinto-me flutuando na água do rio que corre e lava meu espírito,
As almas destes pequeninos emergindo cura para os conflitos,
Os amantes das alturas pegam minha mão como uma pluma leve,
Vejo o que meus olhos desejarem, em um instante os raios do sol e em outro a beleza da neve.
O sol toca-me como um amigo que nunca bate a porta mas que junto sempre caminha,
A lua fala-me os versos imortais jamais escritos por mortal algum que pela dor definha,
As flores exalam o perfume da terra que sempre viveu,
Como um ser vivo, com dor, amor, e tudo que um dia morreu.
O caminho que percorro é infirme, com sorrisos falsos como rosas com espinhos,
Mas o amor é a cura que faz qualquer estorvo tornar-se mesquinho,
Meu espírito sublime descansa com a leveza da água sobre a canção de amor dos grandes astros,
Onde passa a luz e a escuridão por si deixam rastros.
Destes olhares misericordiosos abraço a fala daqueles que se calam,
Da despedida do pensamento que se esvaia na aurora e renasce no eclipse que da dor exalam,
A alma da floresta já é antiga e nela mora todos os segredos e mistérios dessa caminhada,
Não há como encontrar a saída quando tudo que se vê é somente a entrada.
Na sonata que cantam os animais e todas as criaturas,
Envolvo-me como um discípulo no calor e todas as suas esperanças e desventuras,
Para um chão que acolhe todos os corações sem escolher diferença,
Porque somos ainda tão pequenos nos achando gigantes quando tudo que temos é descrença?
Oh, mundo que vivo, animais que comigo falam e floresta que comigo vive,
Somos um só como um espírito onipresente nos confins cantando uma só canção,
Não importa por onde eu ande, na magia que mora no amor,
Junta-se um todo e torna-se um só coração.