A terra

A terra

Sinto-me flutuando na água do rio que corre e lava meu espírito,

As almas destes pequeninos emergindo cura para os conflitos,

Os amantes das alturas pegam minha mão como uma pluma leve,

Vejo o que meus olhos desejarem, em um instante os raios do sol e em outro a beleza da neve.

O sol toca-me como um amigo que nunca bate a porta mas que junto sempre caminha,

A lua fala-me os versos imortais jamais escritos por mortal algum que pela dor definha,

As flores exalam o perfume da terra que sempre viveu,

Como um ser vivo, com dor, amor, e tudo que um dia morreu.

O caminho que percorro é infirme, com sorrisos falsos como rosas com espinhos,

Mas o amor é a cura que faz qualquer estorvo tornar-se mesquinho,

Meu espírito sublime descansa com a leveza da água sobre a canção de amor dos grandes astros,

Onde passa a luz e a escuridão por si deixam rastros.

Destes olhares misericordiosos abraço a fala daqueles que se calam,

Da despedida do pensamento que se esvaia na aurora e renasce no eclipse que da dor exalam,

A alma da floresta já é antiga e nela mora todos os segredos e mistérios dessa caminhada,

Não há como encontrar a saída quando tudo que se vê é somente a entrada.

Na sonata que cantam os animais e todas as criaturas,

Envolvo-me como um discípulo no calor e todas as suas esperanças e desventuras,

Para um chão que acolhe todos os corações sem escolher diferença,

Porque somos ainda tão pequenos nos achando gigantes quando tudo que temos é descrença?

Oh, mundo que vivo, animais que comigo falam e floresta que comigo vive,

Somos um só como um espírito onipresente nos confins cantando uma só canção,

Não importa por onde eu ande, na magia que mora no amor,

Junta-se um todo e torna-se um só coração.

Maria Fernanda de Araújo Dantas
Enviado por Maria Fernanda de Araújo Dantas em 31/08/2019
Código do texto: T6734211
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