EU QUERO A MARGEM DO RIO

Estas águas do Araguaia

Tão belas que até machucam,

Trazem à tona a certeza

Que têm força e reeducam

Por isso decido: por ora

Eu não quero burburinho,

Do corre-corre estou fora,

Desatravanquem o caminho.

Afastem-me dos elevadores,

Do automóvel e do avião,

Dos negócios, celulares,

Dos vizinhos e agitação.

Deixem-me fazer nada

Por anos e anos a fio.

Não quero ondas nem mar,

Quero o balanço do rio.

As águas passam, passando

Como a vida que desejo,

Não me afobem, não me encham

Nem interrompam o cortejo.

Deixem a vida me levar,

Dispenso mansão e navio.

Não quero porto do mar,

Só quero a margem do rio.