SERTÕES
Nas horas quentes do dia
Das paisagens dos sertões
A vida que parece extinta
Tarda a surgir aos olhos
Repudiados pela descrença.
A araponga no sertão deserto
Canta seu canto triste
Pois a longa estiagem
Secou-lhe os olhos
Ávidos pelo tardio inverno.
Sertão morto, esquecido...
Nessa hora agonizante
Por quanto tempo ainda
Viverá a esperança
De dias melhores?
Mas à noite
O cenário encanta,
A lua majestosa e bela
Reina na paisagem morta
Escassa de fantasia.
Nas horas mortas da noite
Descansa enfim os sertões
E a paisagem fria
Estará até amanhecer o dia
Quando chegará outra vez o sol...
28/01/1992