Vislumbre do Mar

Lembro-me como se fosse hoje

daquela noite ao luar.

Em mim, havia um eu-menina,

que desabrochou em euforia,

almejando se aventurar.

Com o vislumbre do mar

inebriante à minha frente,

fui acometida pela hesitação;

entretanto, a poesia no reflexo

da lua que se fez maestro

me pusera a apreciar o manifesto.

Minha pele, lívida de candura,

pareceu aos demais uma tristura.

É inegável que em meu peito

residia uma irrequieta saudade,

privando a minh’alma da totalidade.

As ondas, num titubear eloquente,

evocavam o alvorecer iminente;

traziam consigo o vaivém das eras,

afugentando as obstinadas mazelas.

No entremeio da noite ao arrebol,

assomou no céu o rastro do astro-rei;

o orvalho, ousado, beijara meus lábios,

pondo-me a ruborizar e sorrir outra vez.

Jeane Tertuliano
Enviado por Jeane Tertuliano em 08/12/2020
Reeditado em 08/12/2020
Código do texto: T7130624
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