O silêncio que mora em mim

Ao vento da tarde
gostaria de dizer mais...

Só que andam me faltando adjetivos
e todo tipo de narrativa

Os assuntos eu os tenho
mas verbalizar anda difícil
Os motes não consigo, todos, distribuí-los
no papel...

Ao vento livre,
esse que disputa com o que é contrário a direção da fragata,
queria mesmo dizer do tanto

Porém, disse agora a pouco
hoje mesmo
nesse instante
momento que me sobra em horas
também me sobra o conteúdo das coisas...
os porquês são tão infinitos...
mas aonde foram as palavras?
Cadê o punho debruçado
e o esboço
já manchado de suor?

Os dicionários abertos
estão como janelas fechadas para o saber
Aonde foram;
o resultado
a razão
a escolha
as letras? Sumiram...

Talvez o mesmo vento
que quero como assunto
tenha levado tudo

Há um resquício de sopro...
mas as plantas que dançam solitárias no por do sol
parecem só se interessar pela poesia do próprio vento...
que nunca é mudo
sem nenhum canto
... elas têm os pássaros
e assim a tarde é coral

A caneta,
pena imaginada em minha cabeça,
assina com tinta seca
na página em branco da minha memória...
e sarcástica sussurra:

Hoje o vento não te quis poeta


04-02-2021
17h021min
Murillo diMattos
Enviado por Murillo diMattos em 04/02/2021
Código do texto: T7176658
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