GOTAS DE AMOR

É apenas a materialização da umidade adensada

em névoa e seu suave e invisível flutuar

gotejando lentamente sobre as plantas,

banhando as folhas, acariciando as flores, umedecendo a madrugada. Sob o silêncio da vida adormecida.

Algo mágico, indizível cenário e palco inimaginável

para quem destoa das nuances dos devaneios, aqueles incapazes de enxergar poesia até mesmo na própria poesia. As gotas de orvalho caindo serenamente enquanto o mundo dorme

e os homens sonham sorrindo

ou têm pesadelos suando,

sugere aos céticos somente um entendiante fenômeno físico sem graça.

Não para os que possuem na alma o poético dom

de ver a beleza escondida mas linhas e entrelinhas, não para os poetas, e nem tanto somente eles,

porque a dádiva de vislumbrar o que é belo

num amontoado de simplicidade ou em plagas desertas é um maravilhoso privilégio

dado a poucos.

São minúsculas as gotas de orvalho,

porém muitas, e se espalham alegremente,

e voam ao bel prazer da brisa em todas as direções,

e aterrissam como aviões de faz de conta,

e se juntam formando pocinhos nas folhas,

nos galhos e nos troncos.

Uma só já seria motivo de lirismo;

incontáveis como normalmente sói acontecer

vira belo poema de ricas rimas.

Reunidas e alvoroçadas,

parecem dançar abraçadas ao ritmo de uma melodia ouvida somente por elas,

tendo por coral os grilos e o coachar das rãs,

o salão são as folhas,

os galhos sassaricando são a platéia aplaudindo,

e as árvores são os pilares sobre os quais se equilibram até a chegada da alvorada,

quando então os pássaros,

dormindo em seus ninhos,

despertam e bebem ávidos

as doces gotinhas a partir de então

em cândido repouso

As gotas de orvalho, aos olhos do poeta,

lembram pétalas soltas das flores,

aquelas oriunda da água vinda das nuvens,

estas dando a ideia de blusas rasgadas

na ânsia do desejo incontrolável em casais

que se amam e são aversos aos preconceitos

quando às quatro paredes da alcova;

umas caem sobre as maravilhadas folhas,

já outros despencam em alegria

na cama acolhedora.

Amando-se.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 15/03/2022
Código do texto: T7473154
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.