Sem título - parte II
Há uma coisa
que não dou nome
coisa que afasta a ideia
da atitude
e sem a real virtude
o bem desaparece, some...
Coisa que se não outra
parece velho discurso decorado
e nenhuma ação
Coisa que põe
o necessário de lado
e o vão do vazio
obtém mais vazão
Coisa que não obedece
o juízo da urgência
Algo que com o tempo
se apresenta costumeiro
O que se confunde
com paciência
mas que nunca faz
o que precisa ser inteiro
Coisa que não defende...
que não atua
e com isso, tão assim
a vida morre um pouco
Coisa que até ofende
mas que continua...
e por fim
o desejo se torna oco
Coisa que permite
que se queime plantas
sangrem bichos...
o ar, fedentino
a água, agonizante
o chão envenenado...
Coisa que existe
e que triste se adianta
como ponto fixo
que fere o destino
a todo instante
Cadê vontade?
Cadê cultura?
A rádio
já não parece tocar
música de verdade
Onde se estabelece
a estrutura
da alma?
A investigação é inexistente
pois a quem interessa?
O coração... cadê?
A verdadeira conversa
a que permite a calma?
A segurança para o ipê
A mudança
que precisa acontecer
e sentir a volta do tato
na palma
A mão está dormente
e não toca com prazer.
Por mais que haja poesia
vinda do íntimo dos homens
não parece ser suficiente
O mundo quer mais das canções
quer consciência
sensibilização...
e não
o que tudo consome
como se não houvesse
outra opção
O que há de tudo
quer de volta a humanidade
pois essa anda rara
sem equilíbrio e aliança
A vida só quer ser inteira
sem grade...
ser mais clara
A vida sente falta
de ser criança
16-06-2022
07h38min