Diário do depois
Está escrito no futuro
em um caderno do passado
com folhas amarguradas
da árvore que já foi um dia
o quanto que o homem fez...
Construiu mansões
onde antes era floresta
Derrubou pilares
de povos desconhecidos
e roubou-lhes a história
Poluiu o que tanto é dito hoje...
Manchas de petróleo no mar
Ilhas de plástico no Pacífico
Guerra... a estupidez plena
Está escrito
em letras garrafais
para a leitura do míope de alma
Está escrito
para que não se faça
nunca mais
o que mais
nos causa o menos
Está escrito em palavras de fogo
com todas as letras inchadas
de tinta de plantas extintas
Está escrito no amanhã
nesse caderno de hoje
o quanto que faremos;
como toque de mágica
a invisibilidade dos animais
Artrópodes, cetáceos,
quelônios, psitacídeos...
esses onde estão?
Há no entanto
uma nota de rodapé,
com força de preâmbulo...
a qual diz:
o homem curou
todas as doenças;
desenvolveu
a mais poderosa
inteligência artificial;
conseguiu romper
a velocidade da luz; e
foi à Próxima Centauri...
e não achou ninguém.
Está escrito, como lamúria
que o homem se viu sozinho...
O que todo o texto
não dita
é que toda criança sozinha
está sujeita
a fazer coisas erradas
29-09-2022
09h23min
Pelo dia do petróleo.