Alcobaça
Ah, coração
em brutas chamas
o quanto que chamas
e ninguém te escutas
enquanto que tu gritas
com infinitas vozes?
Quantos algozes
te são
no tição da noite?
Quantos que são
os inúmeros açoites
que não te servem
como predicado?
Por quanto tempo
as horas que fervem
inda te serão
como momento
torturado?
Como guardará
a seiva-sangue
em tua formação de mangue
em tua ainda
espessa camada
em tua água presa
que por liberdade batalha?
Como, coração
ser tão sertão
quando és natureza
no tanto, que tão linda
por tudo ainda
se espalha?
Coração de mata
irrigado por cascatas
rio que se forma
até o sem fim...
Ah, coração que se transforma
insano e são
no tudo de mim
Ora todo meu hematoma
ora todo meu bioma
que intacto, por hora
em fauna e flora
por bondade
inda é tão afim
da humanidade
que concreta jardins
Ah, coração
em volta de toda fumaça
nunca deixe não
de dizer aos olhos
o que passa
é mais do que a visão
05-06-2022
09h16min