POETA MENOR

POETA MENOR

Sinto-me vão, poesia:

A cada mergulho que dou em ti

Não consigo ir além do que a tua plataforma continental delimita.

Não consigo transcender ás tuas barreiras óbvias e cristalinas,

Nem mesmo ao criar-te miríade de oásis:

Sim, por isso, me perco nas monções truculentas da vacuidade.

Queria ir ás tuas profundezas

Para pescar tesouros do pensamento;

E assim desvendar o etereamente sublime mistério da consciência.

Mas, contrariamente, me debato em teu mar de visíveis rochedos

(apenas)

Uma vez que não consiga te penetrar, outra vez,

Me sentirei baldio:uma vez mais não lançarei luz ao incognocível.

Uma vez que não consiga romper tuas fronteiras novamente

Engolfar-me-ei na infinitude do vazio-oceano do egoísmo

(em mim soberanamente afluente)

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA