ESPETÁCULO

ESPETÁCULO

Se for possível rir, de fato, outra vez,

No teatro insensato do mundo,

Quero rir na cara da estupidez,

No tragicômico verso profundo,

E ver mendigos nos papéis de reis,

No cinema livre e fecundo!

Se for possível rir, apesar de tudo,

Apesar da insana e crua realidade,

Quero rir do sentimento mudo

E da emoção que vem, cedo ou tarde,

Trazendo luz como escudo,

No escuro céu da cidade!

Ah, de que importam vícios de celebridade ?

Quais resquícios de outrora nos fazem mentir ?

Por que chora o caos da verdade,

Se a comédia não foge daqui,

No espetáculo da vida que invade

Sua luta de amar e sorrir ?

Enfim, se for possível rir de toda a hipocrisia,

De toda a idiotice da futilidade,

Quero gargalhar na tecnologia,

Quero mergulhar no silêncio, à tarde,

E sentir, na alma, um réquiem de euforia,

Um dia humano e simples do amor que brade.