DÁI-NOS ALMA, SENHOR!

DÁI-NOS ALMA, SENHOR!

Ceres Marylise

Lágrima escondida na clausura

Dos olhos já cansados do infinito.

A que não cura o silêncio e a amargura.

Que não é queixa e não emite um grito.

Aquela que não dá trégua e consolo.

A que fere, obceca e atormenta.

A que não tenta mostrar-se e ficar nua

E faz a pena interminável e lenta.

Cântaros secos a assomar aos olhos

Estáticos, vazios e sem brilho.

Que enche o coração e o consome

Na dor que chega sem mandar aviso.

Manancial retido na garganta

Que no silêncio do ser não se dilui.

Onde não nasce o alívio da esperança

Mas sempre vem aos olhos e não flui.

A que não podem ver porque escondida

Na angústia incessante e rotineira.

É preciso meu Deus, que haja alma!

Mas muitos não têm alma para vê-la.

Ceres Marylise
Enviado por Ceres Marylise em 03/02/2006
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