Poema Perecível

Nesse papel

há um tempo invisível

que espera

Como um continente

a ser descoberto,

uma ilha deserta

que aguarda o náufrago

Como um cão sem dono

cativado pelo olhar

de um passante distraído

a caminho do lar

Nesse papel

disposto sob o silêncio,

há um tempo secreto

repleto de sonhos

Anseia pelo espaço finito

da celulose perecível,

chegar ao pó, voltar às nuvens,

transformar-se em chuva

Cair como luva

no mímo dos seus dedos

e como uma gota salgada

assim morrer

sobre sua pele incendiada...