o amor por Assaré

Prefácio

O presente relato fala da viajem de um jovem professor a uma cidade do interior nas distantes terras do sul cearense. Fez-se às 12 horas de viajem quase todo tempo acordado para absorver detalhes dos lugares diferentes nas cidades que passara. Quando chegou a Juazeiro do Norte – CE o corpo deste homem não agüentava mais o peso do sono e dormiu.

Um pouco mais tarde, acordou por uma voz do além que falava estar em Assaré, o jovem pulou do seu acento e retrucou na porta do expresso querendo avistar o motorista e, vendo ele um pouco distante, perguntou - lhe se estava no seu destino, acreditando no balançar da cabeça do homem motorista desceu pensando ser a cidade de que daria seu curso de atendimento ao cliente e vendas.

Desceu errado. Numa cidade que nunca estivera lá, um lugar diferente, mas acreditava ainda ser a cidade de Assaré. O tempo passou e o desfecho final chegou. Não estava em Assaré, estava em Nova Olinda, ficou com enxaqueca logo de imediato e foi tentar um contato com a monitora do projeto, quando a mesma o avisou sobre o erro e facilitador alugou um lugar em um pau-de-arara saindo ao encontro da cidade que o relato vai contar.

O amor por Assaré

O Amor por Assaré veio de forma sofrida, quando no primeiro encontro, ao chegar próximo das suas terras, fui convocado a descer em chão alheio, sem saber que o meu sapato pisava em solo de outra pessoa, só o que me restara era esperar.

Com a paciência nas mãos e o sossego nos pés, pedi um nobre senhor, digno de cidade do interior, um acento para descansar minha carcaça de tantas horas a percorrer em lugares que minha cabeça não pensava e minha emoção ainda não sentira.

Fiquei entusiasmado com aquele pequeno lugar, fiquei até pensando que era o meu lugar, não sabia que Assaré era mais aculá. Um pouco mais além do que meu desejo sentia, do que minha vontade escorria, o medo fez de mim um ser desolado pela desilusão de freqüentar um lugar errado.

Fui descongestionado pela presença de um jovem morador da cidade de Nova Olinda, fui abraçado pela simplicidade de uma pessoa que me ajudou a desvendar o que minha interpretação, diante do meu cansaço solene, não percebia. Perguntei sobre o lugar, apanhei no rosto pela minha ignorância de forasteiro desconhecido, vencido pelo temido, mas forte para conhecer o novo e desconhecido.

Fui orientado por uma voz que já conhecia, fiquei menos tremulo, pela esperança que me convencia, sou humano e minhas fraquezas também se desdobram em medos, uma dorzinha de cabeça logo me cutucou, uma tontura no olhar logo me espatifou, segui em frente em direção ao meu triunfo, que era chegar aonde minha respiração vibraria com a primeira impressão.

Ao chegar à bonita Assaré, já havia passado algumas horas da manhã barulhenta, causado pelos encantadores de votos, não olhei para esse lado, não ousei pensar mais do que devia, todavia, minha mente cansada e atontada pelas diversas distrações que aconteceu nesse dia.

No meu testamento de momento, penso que a primeira impressão é a que fica, penso que o primeiro amor nunca perde força, penso que o primeiro beijo, se por livre e espontânea vontade é inesquecível, então Assaré me venceu, me deu um beijo de boas vindas e meu amor apareceu, nunca pensei que acumularia tanto gostar em tão pouco tempo, nunca pensei que assanharia meu sonhar nesta terra que, antes de chagar, me fez sofrer sem esperar.

O sofrimento é um pedacinho do amor, e levo a sério esse entendimento, mesmo que no caminho do lugar minha visão pouco pode espiar, num carro todo fechado, com um buraco lá no fim minha pouca visão destorcida pela tontura só podia ver asfalto em meio a ondulados terrenos.

O pensamento que me debruçava à mente era de um lugar feio, era de um povo que não me reconheceria. Puro pensamento errado, o contrário aconteceu, o inusitado me venceu, gostei até do sofrimento, pois, diante desse momento posso colocar no papel o que minha pele sofreu.

Meus grandes interpretadores - meus alunos – não sabendo do que ocorrera vieram me ajudar sem pensar o que estava por esperar, foi no gosto da ajuda que minha emoção me sufocou, triste pelo não primeiro contato, triste por meu desapontamento com minha eficiência, mas a vida tinha que continuar, outrora, a outra turma do projeto à tarde estava a me esperar.

O primeiro contato com vinte e cinco cabeças interessantes me fez arrepiar, me fez perder o meu jeito de sonhar, será que meu pensamento estava a desesperar, nada disso, eu estava apenas a degustar o momento e perguntar a minha idéia o que eu poderia fazer para conquistar o olhar dos pequenos cearenses distantes.

Pensei junto com minha emoção, idealizei momentos com meu coração e não deu outra, cheguei onde meu intimo me mandou, conquistei o abraço, não só isso, também conquistei o respeito, formiguei minha virtude para lembrar que estava longe de casa e assim saber que duas turmas diferentes me fariam sair do meu corpo só em estado de alerta.

Chego a uma casa, não a minha casa, uma casa cedida, bem atendida, bem aceita, um lugar que me deu medo, que me fez esquecer do medo e a solidão me acordou. Customizei meu lugar, fiz de garrafas velhas utensílios do lar, fiz de um pedaço de plástico a luz que me faria cozinhar, depois desses acontecimentos minha vida questionou sobre a realidade que meu espaço me doou.

Minha solidão foi entendida, meus alunos me abraçaram, espantaram o vilão dos meus medos, mas, que medos são esses, a solidão que devora, pulei fora da vez e sonhei que estava no meu espaço, sonhei que o triunfo do aprender estava na minha essência, portanto, fui fortuito em dissolver a dificuldade em diferentes momentos, mesmo que o sofrimento tenha batido em minha porta, minha vontade de superação transcendeu a ensinar diferente, levar ao olhar e entendimento do meu expectador – aluno – a emoção que me faz explicar as letras dos conteúdos e ao formarem palavras na minha cabeça e divulguei ao vento que minha felicidade era repleta de diferenciais, por entender que passar conteúdo com emoção não fica apenas na cabeça do aluno e sim, também, no coração.

Os dias se passaram, a vida me fez escrever o que meu olhar apalpava e o que minha emoção sonhava, mas, sem sombra de dúvida, este lugar me refletiu, este lugar me aplaudiu, minha vontade de fazer momentos e datas nos detalhes da escrita, me guiou a igreja e nela à vontade de fazer alguém levar minha habilidade de recitar ao palco das celebrações de fé não saiu como queria e foi em vão, no entanto, foi além do que minha mente esperava, fui convidado a ler minha publicação chamegada de emoção para meu próprio pai e os demais que ali estavam e sem falar da condição que me concede intitular esse refrão.

Li, tremi, fiquei com medo, mas não fugi, enfrentei o momento, entornei na voz firme e não deixei o tremor dos dedos me consumirem, fui até o final, fiquei feliz por parecer um momento ideal, não queria me promover, apenas satisfazer minha necessidade de escrever, foi um dia único, mais um, de tantos outros que denunciaram meu amor de tão pouco tempo e tão pouco espaço, no atropelo do laço, desejei ser filho da terra, que terra, que lugar, um sonho de criança aludido à afeição de uma cultura voltada a poesia, poesia patativense, sólido na sua vida que não se foi, vivido no sonho de quem não o deixa morrer, forasteiro do mundo e ilustre na sua casa.

O lugar que me abriga neste período de conhecimento, ó Assaré te vi como uma mocinha ao chegar ao seu dormitório, porém, depois que provei da sua paz, percebi que já é uma mulher, uma bela e calma descendente do homem que mudou o pensamento poético, que ilustrou nos seus versos ricos e rítmicos a luz que uma terra faz brilhar.

Os dias estão passando minha mágoa está chegando minha aflição está me cantarolando, por mais forte que eu seja, por mais sentimental que pareça meu amor me cativou e esse sentimento uniu dois pensamentos em um, descascou meu apurado sentido de retruca e a imensidão que meu peito aflora se faz ceder no tocante dos meus silenciosos pensamentos amenos.

A distância não fez rumores, apenas fez amores, fez meu sentido amolecer, minha sensação enaltecer o lugar que me fez crescer como gente, como argumentar dos conhecimentos, como ilustrador dos textos diferenciados e ao invés de eu correr fico parado esperando a dor chegar e minha sentinela dizer que a separação está a chegar.

O fim não chegou, minha vida permanece, espero o dia do meu encontro voltar, Assaré sou teu autônomo no próprio punho e escrevo a ti nos meus sentidos simples de encarar o relato, que relato que vida encontrei fora do mato, conheci até a criatividade em pessoa com suas obras de arte, com sua timidez envaidecida e filho da vontade de transformar momentos de diferenças em criações sem fim.

Um estranho que mais parecia um parente, deixou de ser estranho e entrou na minha amizade, nas trocas de experiência flui nossas diferenças, engloba nossos valores, pensamentos e setores. Somos diferentes na visão, e muito iguais na criação, leio o mundo com a visão interpretativa, ele interpreta o mundo com a visão ilustrativa e engloba suas mãos a dissolver madeira em relíquias.

Após alguns dias, minha cabeça um pouco quente, sou convidado a unir meu pensamento à água doce do extremo açude que banha a planície desta terra de gente boa, não faço de rogado, se uma vez convocado, aceito o convite e coloco a vontade embaixo do braço na direção do passeio e que passeio, fui apresentado ao baião de fava, fui refletindo o gosto da degustação que estava por vir e ao vir me acabei de vez no tocante do gosto.

Amigos eu fiz, amigo me fiz, honesto eu sou, solidário estou, sonho com a data que tento não chegar, imagino que o momento não supera o lugar, as palavras divulgam minha simpatia e meu olhar concorda com meu desdobramento ao deixar mulher e filha no meu lar, numa terra de muitos quilômetros, sobretudo, conduzo a delicadeza de pensar no amor recém formado, na vida recém encontrada, na solidão de antes que resta um suspiro de alivio ao conhecer essa gente, que gente, que lugar, onde fica isso mesmo, se não visse com meus próprios olhos nem saberia que era daqui, pensaria que era dali e não teria o amor que cultivei.

Um novo convite nasceu. Uma pequena palestra ali apareceu para falar de motivação pela leitura na visão do escritor, falar do entusiasmo do saber para aqueles que estão a florescer foi gostoso e amaciou minha vontade de ver o conhecimento dilatar o olhar de pequeninos na dimensão do gostar.

O sonho de ensinar é mais forte que a minha própria vida, nessa vida, avistei gente de trato, encontrei gente querida, filha da terra e amada pelo povo do povo, intitulada primeira dama, a dama que ilustra minha escrita fazendo meu apurado pensamento desdenhar o momento como único dos meus dias de divulgador do trabalho e do ambiente na semente do conhecer e vimos a amizade entre a mulher querida e o facilitador florescer.

Uma mulher de fora chegou e no meu olhar passou. A amiga de aula, colega de espaço, esculpida na luz, que presença que tem que faro encontrou o descanso no canto do estado avistando o direcionamento que reluz o seu momento na condição de professora profissional e não amadora vencedora e ilustradora da sua própria vida, a vida que se colocou no rumo do escritor, amizade e apreço.

Penso com força e espero o recomeço, se reconheço observo de onde vem, assim que me vêem, de fora, de agora, de outrora não daqui, apenas dali, de Fortaleza, igual, sem diferenças, no olhar da ambição será que é simples paixão por Assaré? A dor vai longe, o odor que transpira minha sensação não é de paixão é amor, é de calor, calor de ontem pode ser tratado com água, posso ser desidratado com o agora, mas esta senhora é sempre uma romã.

A fruta relatada tem casca dura, tem amargura, mas tem a beleza das sementes adocicadas, tem em meu apurado paladar o gosto que transmite satisfação, a minha idéia é simples, meu olhar é único, meu sonhar é produtivo e dessa forma olho sem visão para que a aparição venha sem demora, venha sempre na hora o tempo que resiste não insiste vem sem demora.

Minha cabeça não para, minha emoção não sara, será que agüento, será que meu dia vai ser sempre ensolarado ou no fim será cinzento, espero governar meu sentimento, espero que chova na minha horta de sensibilidade, espero que meu cálice seja repleto de visibilidade e nesta mesma condição sou feliz sou apenas um ser na constelação das letras sem galáxias, envolvendo meu pensamento através desse incremento a serviço do meu entendimento, entretanto fisgo o peixe da minha virtude, olhando o caminho de volta através da juventude posso muito, posso pouco, depende de mim e nada mais.

Meu corpo está longe, meu suor está distante, minha alma está amante, o vento me tem, o olhar me convém e o que me resta? Certamente vou iluminar meus dias e viver o amor por Assaré, viver o amor enquanto estiver, e depois que vier, sofro com a distância envolvida na consagração entre o homem e a cidade que habilita o projeto do jovem cidadão.

A calma me releva, a alma me suporta, mas a dor me aperta, o sufoco me alerta, sofro em silencio por amor de tão pouco tempo, que tempo, que dúvida, na estrada sou alguém, ninguém jamais serei, enquanto vida tiver vou pensar em Assaré, vou viver onde estiver e nos meus sonhos penso na serena, na pequena, na voz, no toque, que toque, envolveu meu amor, e o sabor se fez presente, antes ausente e agora questionado se é paixão, emoção ou amor, Assaré onde você estiver serei seu amor, serei a seu favor e a dúvida não existe mais, aqui estou, sempre voltado as palavras do amor a serviço da paz e nada mais.

Nas palavras do poeta, na visão do homem, na emoção que emociona, vivo meus dias imaginando se não fosse meu progresso, estaria sem o verso, no reverso em deriva e sem irrigar minhas fabulas estaria sem lar e se o lar não me conhecesse seria um nada para sempre, pois a visão do poeta não arranha Patativa, apenas fico envaidecido por escrever no terreno que pisou o mais ilustre pensador das poesias e das rimas que engrandecem nossos vocabulários.

Conclusão

O presente trabalho literário foi estabelecido diante da oportunidade de transformar um relato real em momentos contados sobre o corpo de uma poesia na delicadeza das palavras que emocionam e o chamego dos pensamentos que diluem a distração de um lugar na animação do meu lar. Quem gostou fico feliz, quem apenas pensou fico feliz também, o importante é que tentou atrair para sim minha vontade de embalar conhecimento extraído da veia no recanto do lugar que me acolheu.

Nesse fim de livreto sonhado e pensado para ser do meu gueto, convoquei minha rapidez de pensamento, com o intuito de questionar o porquê desse amor por Assaré tão repentino, acho que sou filho do amor e, como tal, germinei minha semente e esperei o cheiro brotar da terra e dela entra no ser o odor da emoção que me fez embalar até a emoção... Agradeço de coração as pessoas que sentiram minha arte na pele e a pele ficou sensível pela delicadeza dos meus traços.

ZUKER
Enviado por ZUKER em 26/08/2008
Código do texto: T1147673
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.