TEMPO, TEMPO, TEMPO

Tempo sucessão de partículas

De partidas e chegadas

Migalhas, grãos de areia

Ampulheta sideral

Um momento, já é outro e outro

Nada parece ser aqui, agora

Tudo é, já foi e será efêmero

Num átimo sou e deixo de ser

Mesmice crônica

Datas, dias e noites

Anos e invernos

Luas e carnavais

Torno-me cronófobo

Medo da morte, do vento

Do tempo, dessa dimensão

Em espiral rodopio no espaço

Por entre luzes e estrelas

Que não estão mais lá

Abro uma janela, mais um intervalo

Um tempo de luz, um hiato

Estanco a marcha por um minuto

Um tilintar monocórdio se perpetua

Moto-contínuo, tic-tac infinito

Épocas, estações e eras

A relatividade é remota e recente

Rítmica e pendular

Há um hiperespaço de onde olho

Mundo paralelo, imaginário

Há um cheiro acre de um tempo retrógrado

Há cheiro de rosas na revolução

A mudança é a única eternidade