Ab-negados versos re-negados...

Aos versos negados os quais foram renegados de outrora,

Abnegá-los-ia novamente caso os visse outra vez disformes!

Aberrações da ordem e da harmonia! Pereçam por completo!

Desertores malditos! Que sua linhagem pobre, imunda e inferior

Não contamine a beleza da literatura perfeita de meus versos!

Não obstante, antes de aniquilar por completo a sua existência,

Decidi manter o que ainda prestava de sua essência inútil;

Para demonstrar as minhas últimas reminiscências de misericórdia.

Entendam de uma vez por todas, versos escritos meus!

Uma vez que não forem belos, sábios e poderosos o bastante

Perecerão pelo simples fato de serem vergonhosamente fracos.

Potencial percebo em alguns dos escritos os quais são recriados,

Conforme a minha vontade de conceder-lhes uma redenção;

Não obstante, linhas inferiores são sumariamente apagadas.

Honro com dignidade meu dever enquanto alquimista da arte!

Os verbos sagrados compõem as orações sacratíssimas, entoadas

De acordo com o poder a mim incumbido de minha palavra!

Deus é misericordioso! Eu não tenho o mesmo senso de compaixão...

Os batimentos do coração soam e ressoam aflitos e ansiosos...

A cacofonia da condenação e a arritmia do arrependimento

Perturbam-me o espírito com um incomodo existencial...

Enquanto as notas da melodia da mentira soarem e ressoarem,

O acorde da culpa assolar-me-á o refrão repetidamente no coração.

Reflexos deste labirinto de espelhos mostram-me os movimentos

Uníssonos desse exército de um homem que peleja contra si mesmo...

E as refrações dos prismas que distorcem as réplicas perfeitas...

Essas aberrações deformadas da illusão que advém da realidade

Provocam a origem desses estranhos e esses sentimentos de culpa

Que me perseguem enquanto redijo este texto, como se precisasse

Redimir-me de algo que fizera de equivocado outrora injustamente.

Sinto os meus sentidos me atormentam tanto e clamam por justiça!

Por um lado, fico sentido por ter que apagar os versos fracos;

Por outro lado, tenho a sensação de convicção de dever cumprido.

Afinal, tudo o que eu faço é em prol e é pela própria arte. Sempre!

E admito que não seja tão impassível assim o ato implacável

De ter que destruir os resquícios de reminiscências artísticas!

Da mesma forma que Deus se compadece de ter de castigar,

Punir e matar os seus próprios filhos bastardos que negam

A seguir a nobre conduta de seus verdadeiros caminhos.

Contudo a incumbência invoca o cumprimento do compromisso

De minhas responsabilidades das quais jurei minha lealdade!

Da mesma forma que Deus destinou o Inferno para os filhos

Que fazem do próprio destino o caminho de bastardos desertores,

Eu desvincularei de mim a autoria de versos e estrofes inferiores

E obliterá-los-ei da existência deste mundo e do plano universal

A essência de um conceito fraco e imperfeito que não faça jus

Ao belo, bom e verdadeiro e, por conseguinte, ao que é perfeito!

Prezado réptil que se preza canibaliza os fracos membros

Da própria prole assim que nascem e não deixam imediatamente

O berço do túmulo em onde vieram ao mundo de trevas...

Réptil Rei, Eu-Sou! Não permitirei que do Inferno escapem-Me!

(Dhrakonioum Lendarious)

Poeta Lendário
Enviado por Poeta Lendário em 11/09/2008
Reeditado em 24/02/2023
Código do texto: T1173171
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